23 de Fevereiro de 2015
Há 24 anos, Ademir Sander, atual cônsul da Couromoda, investiu na carreira de representante comercial. Até então desbravado por poucos colegas, seu desafio era seguir rumo aos países do Mercosul para apresentar os modelos de calçados que reuniu em uma mala. “Tudo era diferente quando comecei. Naquela época, a única evolução tecnológica que tinha era o aparelho de Fax, pelo qual paguei pesados U$ 2 mil”, recorda.
Os avanços tecnológicos vieram. Contudo, Sander preferiu manter a essência de seu trabalho: “Hoje uso celular e internet somente como fonte de informação. A tecnologia é muito fria e impessoal. Ainda trabalho à moda antiga. Visito meus clientes e apresento as coleções pessoalmente”.
Sander representa a marca masculina Calvest e a feminina Giulia Domna, com as quais comercializa cerca de 90 mil pares em um semestre, por meio de contatos espalhados pelas Américas. No escritório em Campo Bom, no Rio Grande do Sul, tem, desde a temporada passada, um sócio mais que especial: Carlos Augusto Sander Cardoso, seu neto.
Pela união do cluster
“É fundamental fazer parte do grupo de cônsules da Couromoda, trazer e passar informações de mercado. Divulgar a Couromoda é muito importante para o sucesso de todo o setor”, orgulha-se.
A forte ligação que mantém com a Couromoda contribuiu também para a relação direta de Sander com a criação da Associação Brasileira dos Representantes de Calçados, Bolsas e Acessórios (Abrecal). O atual diretor social da entidade participa desde as primeiras concepções sobre sua fundação, há dois anos, e conhece de perto a organização. “O desenrolar da Abrecal vem desde 2013. Mas foi no encontro de cônsules de setembro de 2014 que formamos a equipe de trabalho”, relata.
Em menos de 90 dias, o grupo integrado por oito representantes alinhou os detalhes e fundou a associação. “Tamanho foi o empenho e a qualidade de nosso trabalho que o Sr. Francisco Santos, empreendedor e presidente da Couromoda, apelidou-nos de ‘super-heróis da Abrecal’”, comemora.
Os elos da corrente
Segundo Sander, a Abrecal veio para unir a ponta que faltava no grande elo calçadista brasileiro e pode, aos poucos, tornar-se referência em outros países atuantes neste setor.
Para que o cluster siga firme, defende que o varejo precisa valorizar ainda mais as datas especiais como trunfos de venda e promover a qualidade do ‘made in Brazil’, como forma de rebater a concorrência oriental. Outra bandeira do cônsul compreende a realização de uma campanha que induza todo brasileiro a comprar aos menos um novo par de calçados a cada estação.
Essencial, na opinião de Sander, é também o apoio dos lojistas aos novos representantes e às pequenas marcas. “Abrir sua agenda para receber novos contatos é dar oportunidade para diversificar seu leque de produtos e enriquecer seu ponto de venda”, afirma ele, acrescentando que, com bom diálogo, as negociações fluem de maneira a contribuir com o desempenho de ambas as partes.