Michel Pozzebon / Jornal Exclusivo
O novo coronavírus (Covid-19) segue reverberando no setor calçadista. Quem também está sendo afetado diretamente são os representantes comerciais. As medidas de paralisação das atividades em todo o Brasil, após a decretação de pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no dia 11 de março, podem significar a falência de empresas de representação comercial. A afirmação é de Paulo Cotienschi, presidente da Associação Brasileira dos Representantes de Calçados, Confecções, Bolsas e Acessórios (Abrecal), entidade que congrega 400 representantes comerciais associados em todo o País.
“Todo trabalho dos últimos 45 dias, anterior aos decretos da pandemia, estão comprometidos. A imensa maioria dos pedidos ainda não produzidos foram cancelados. Há pedidos parados nas fábricas ou transportadoras, que terão que passar por alguma renegociação”, comenta. Por outro lado, Cotienschi salienta que os recebíveis de comissões da liquidação de títulos estão sendo comprometidos devido aos pedidos de prorrogação, em média de 60 dias e em alguns casos de 90 dias.
Fluxo de caixa comprometido
Cotienschi avalia que o momento para os representantes comerciais do setor calçadista é de extrema dificuldade, especialmente pelo comprometimento do fluxo de caixa. “Todos os gastos obtidos para efetivar vendas com os cancelamentos viraram prejuízos. Para uma boa parcela dos representantes pode significar a falência de suas empresas. Para aqueles representantes que tinham alguma reserva, as mesmas estão sendo consumidas nos dias em que estão parados”, analisa.
Ações para minimizar os danos
O dirigente informa que entrou em contato com o presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, solicitando que junto aos comitês de crise das fábricas sejam colocadas na pauta as demandas dos representantes comerciais. “Não medimos esforços para amenizar os problemas que estamos enfrentando devido a pandemia, mas também buscamos incentivos seja com as fábricas ou governo para que estes profissionais tenham condições de retomar suas atividades quando o mercado retomar”, completa Cotienschi.